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Publicado por em ago 27, 2023 em Artigos, Críticas, Festival de Gramado |

51º Festival de Cinema de Gramado: Pampa vazio, ameaçado, sempre em conflito – uma entrada e uma saída

51º Festival de Cinema de Gramado: Pampa vazio, ameaçado, sempre em conflito – uma entrada e uma saída

Atualmente em cartaz nos cinemas, “Casa Vazia”, de Giovani Borba, havia sido selecionado para o Festival de Cinema de Gramado há um ano. Rodado em Santana do Livramento, já falava de um pampa ameaçado pela soja e tinha como protagonista um peão de estância que não vislumbrava mais opção a não ser cair no abigeato. Em 2023, na 51ª edição do evento cinematográfico na Serra Gaúcha, dois dos longas concorrentes na mostra destinada às produções do estado também tiveram esse simbólico e complicado cenário ambiental, social e econômico para explorar. “Céu Aberto” é mínimo, é singelo, é feminino, é delicado, é bonito. Uma diretora que segue os passos de uma adolescente criada na zona rural de Dom Pedrito (RS), filha de pequenos proprietários rurais. Elisa Pessoa começa a registrar o cotidiano de Andriele Rodrigues Soares a partir dos 13 anos. Vamos lá: “Céu Aberto” poderia ser um longa simples, mas não é. Seria um documentário etnográfico, mas não é só isso. A potência das imagens escolhidas para sua abertura...

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Publicado por em ago 26, 2023 em Artigos, Críticas, Festival de Gramado |

51º Festival de Cinema de Gramado: Poesia que higieniza

51º Festival de Cinema de Gramado: Poesia que higieniza

A mostra de curtas-metragens gaúchos tem sido há um tempo uma atração à parte no badalado Festival de Cinema de Gramado. Vencida em sua maior parte a terrível fase da pandemia – prejudicial para produções com mais recursos, quanto mais foi para aquelas de baixo orçamento e menos experiência – os curtas produzidos no Rio Grande do Sul tornaram a tomar corpo e ganhar a devida estatura que merecem. Embora alguma desigualdade em termos de resultados finais, quando não aceitáveis deslizes técnicos, o nível dos 23 filmes concorrentes ao Prêmio Assembleia Legislativa de Cinema – Mostra Gaúcha de Curtas 2023 foi bastante satisfatório e, mais que isso, promissor. Como vêm se adensando a cada ano, as temáticas antes “marginais”, como LGBTQIAP+, povos originários, capacitismo, xenofobia, entre outros, manifestam-se com potência junto aos realizadores. Caso de “Rasgão”, de Victor Di Marco e Márcio Picoli, que levou Menção Honrosa, em sua narrativa que trata da acessibilidade; ou “O Tempo”, vencedor de Melhor Trilha Sonora (Gabriel Araújo, Nina Fola e Malyck Badu)...

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Publicado por em ago 26, 2023 em Artigos, Críticas |

51º Festival de Gramado: Mulheres no Protagonismo

51º Festival de Gramado: Mulheres no Protagonismo

“Tia Virginia”, do diretor Fábio Meira e produzido pela Kinossaurus. Atrizes Louise Cardoso, Vera Holtz e Arlete Salles. Se há algo que se pode resumir da 51ª edição Festival de Cinema de Gramado foi o destaque para mulheres que trabalham à frente ou atrás das câmeras. Foram homenageadas as atrizes Léa Garcia com o Troféu Oscarito (ela morreu de infarto no dia 15 de agosto, dia em que receberia a distinção, e o filho Marcelo Garcia recebeu o troféu pela mãe) e também Laura Cardoso, que recebeu a homenagem na sexta-feira, dia 18. A atriz Ingrid Guimarães recebeu o Troféu Cidade de Gramado na quinta-feira, dia 17, celebrando que uma comediante tenha sido lembrada por um festival. Na sexta, a produtora Lucy Barreto foi laureada com o Troféu Eduardo Abelin e Alice Braga recebeu o Kikito de Cristal. Além desta força e empoderamento feminino nas homenagens em Gramado, os filmes exibidos também apresentaram protagonistas femininas fortes. O destaque ficou para Vera Holtz pela interpretação em “Tia Virginia”, que levou...

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Publicado por em jul 29, 2023 em Críticas, Destaque, Em destaque |

Casa Vazia, por Daniel Rodrigues

Casa Vazia, por Daniel Rodrigues

Cena de Casa Vazia, filme de Giovani Borba. Como no jornalismo, a máxima de que não existe imparcialidade também se aplica ao cinema. Por mais limpo que seja o discurso tanto numa área quanto em outra, buscando fugir de posições político-ideológicas na abordagem de determinado tema, é impossível evitar uma mensagem desprovida de subjetividades. Em cinema, no entanto, essa dialética opera um pouco diferente. Uma vez arte, a depender do que se quer contar, o distanciamento (crítico e controlado) favorece a absorção da própria mensagem – que, ironicamente, pode ser, sim, bastante ideológica em última análise. Colocar-se conscientemente neste limiar não raro ajuda a que o cinema cumpra seu papel mais essencial: contar uma história.Esta é uma das fronteiras conceituais as quais o brilhante “Casa Vazia” suscita. Sem ajuizamentos simplórios, o filme conta uma história cheia de questões sociais, políticas, econômicas e comportamentais de uma maneira profunda e artística, convidando o espectador à reflexão. Com uma excepcional cena inicial – um plano-sequência estático de uma paisagem rural noturna –...

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Publicado por em set 1, 2022 em Críticas, Festival de Gramado |

Afeto e diversidade no novo cinema brasileiro, por Luiz Carlos Merten

Afeto e diversidade no novo cinema brasileiro, por Luiz Carlos Merten

Noites Alienígenas, de de Sérgio de Carvalho – Divulgação. Havia dois grandes filmes na competição brasileira do 50º Festival de Gramado. Jubileu de ouro – 50 anos! Um desses filmes veio do Acre e, para muita gente, Gramado 50 marcou a descoberta dessa cinematografia ainda pouco conhecida, mas potente. Noites Alienígenas, de Sérgio de Carvalho, baseado no romance do próprio diretor, venceu os Kikitos do júri oficial e da crítica. O outro destaque dessa edição foi o longa mineiro, de Contagem, Marte Um, de Gabriel Martins, que venceu o prêmio do público. Havia um filme belíssimo na Mostra Gaúcha, Cinco Casas, e já é mais do que tempo de Gramado começar a discutir uma reserva de mercado da produção regional em Gramado. O longa de Bruno Gularte Barreto poderia estar muito bem na competição principal. Na mostra estrangeira, brilhou o uruguaio 9, da dupla Martín Barrenechea/Nicolás Branca. Gramado orgulha-se de ser o festival mais longevo do país que nunca sofreu descontinuidade. Em suas diferente seções, espelhou a diversidade da...

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Publicado por em ago 30, 2022 em Artigos, Críticas, Festival de Gramado |

9: um filme sobre futebol sem futebol, de Victor Hugo Furtado

9: um filme sobre futebol sem futebol, de Victor Hugo Furtado

“9”, divulgação. Nos últimos anos, o futebol de alto nível, como qualquer outro esporte em sua potência máxima, vem demandando absurda concentração de seus adeptos. Muito por conta desse processo, a vida da maioria dos jogadores se divide entre trabalho e lazer, pura e simplesmente. Nesse preto e branco, raramente surgem zonas cinzas como Diego Maradona, Sócrates, Carlos Caszely e Éric Cantona. Em comum, esses e poucos outros não desperdiçam as portas que a riqueza lhes abre, mas utilizam de suas idolatrias para tratar de temas sociais, como preconceito e opressão política, por exemplo. Entretanto, ainda mais recentemente, uma outra “militância” tem se incorporado no imaginário esportivo. Figuras como Simone Biles, da ginástica olímpica, ou o próprio Neymar, da seleção brasileira de futebol, alegam exaustão e falta de opções próprias. Um dos mais celebrados longas do 50° Festival de Cinema de Gramado mergulha nessa temática. Exibido também em Mar del Plata, o poético 9 (2021) é um filme de futebol que não possui futebol, de fato, em sua narrativa...

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