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Publicado por em jun 10, 2019 em Artigos |

XV Fantaspoa: Filmes e pessoas

Por Bianca Zasso, que integrou o júri da crítica no XV Fantaspoa, juntamente com o associado Carlos Thomas Albornoz

A participação da Accirs na décima quinta edição do Festival de Cinema Fantástico de Porto Alegre (Fantaspoa) ficou focada no júri dos filmes de animação. Foram cinco longas com técnicas, estilos e propostas muito diferentes entre si, mas uma coisa os unia: a capacidade de brincar com a realidade. Do insólito S He, do chinês Shengwei Zhou até o colorido e nonsense Laika, produção soviética dirigida por Aurel Klimt, havia uma preocupação em falar de temas que, infelizmente, passam longe de serem uma fantasia no nosso cotidiano, como o machismo e a xenofobia. Optamos por premiar o trabalho da diretora americana Nina Paley em Seder-Masochism por seu bom-humor ácido e sua crítica ao patriarcado e, é claro, por seu visual simples e divertido ao mesmo tempo.

Fora do universo animado do festival, muitas foram as filas para abraçar e tirar fotos com Roger Corman, o produtor e diretor que fez a alegria de muitos fãs do cinema de horror que hoje, crescidos e com muitos filmes na bagagem, ainda enxergam no senhor de cabelos brancos e bengala um norte para o lado B da Sétima Arte. Mesmo que a maioria das atenções, do público e da mídia, estivessem voltadas para Corman, a presença de Christina Lindberg, a eterna musa exploitation que veio apresentar seu novo trabalho como atriz, Círculo Negro, de Adrián Garcia Bogliano, e também fazer a alegria dos admiradores dos clássicos com a exibição de Thriller – A Cruel Picture, de Bo Arne Vibenius. Duas presenças ilustres que animaram Porto Alegre por quinze dias.

Mas, e os filmes? Dentro de uma programação gigante de quase cem filmes, poucas foram as surpresas, tanto no conteúdo como na forma. O destaque ficou por conta do belíssimo O Barco, de Petrus Cariry, o poderoso Mutant Blast, de Fernando Alle e o divertido 7 Razões para fugir (Da Sociedade), de Esteve Soler, Gerard Quinto e David Torras. No mais, vale torcer por um Fantaspoa com mais clássicos, novas visões de fantasia e discussões em 2020.