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Publicado por em jul 27, 2009 em Uncategorized |

Humor anárquico Vs. Minimalismo estéril (sobre Martín Sastre)

por Cristian Verardi Nunca me interessei por videoarte. É uma forma de expressão artística que sempre testou os limites de minha paciência. Por diversas vezes me dispus a mudar de opinião, e sempre caí em armadilhas tediosas e soporíferas ao me aventurar em mostras de cinema e bienais, que invariavelmente estavam infestadas de obras cometidas por artistas egocêntricos que pensavam ser o novo Marcel Duchamp. Sempre detestei o minimalismo estéril, a afetação estética e o experimentalismo hermético (do tipo que sacia apenas o ego do diretor) que fazem parte do universo da videoarte. Porém, foi por acaso que durante a mostra de cinema Beleza Imperfeita (ocorrida na Sala P.F Gastal da Usina do Gasômetro em julho deste ano), dedicada a filmes transgressores, que me deparei com o trabalho de um artista que me fez repensar as possibilidades da videoarte. Martín Sastre, artista uruguaio radicado na Espanha, me surpreendeu com uma obra audiovisual recheada de humor ácido e ironias, que se utiliza de uma avalanche de referências ao universo pop...

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Publicado por em jul 27, 2009 em Uncategorized |

Viagem ao interior de si mesmo (Viagem ao Princípio do Mundo, 1997)

por Adriano de Oliveira Pinto O cineasta luso Manoel Cândido Pinto de Oliveira, ou simplesmente Manoel de Oliveira – nome que os cinéfilos aprenderam a admirar –, fala ao cérebro e ao coração. Seus filmes trazem reflexão, mas sabem também comover. Viagem ao Princípio do Mundo (Portugal/França, 1997) é exemplo claro desse tipo de cinema em duas vias, mostrando a razão e a emoção de mãos dadas. Viagem… segue o rumo saudosista que caracteriza parte da temática do veterano diretor – cem anos de vida completos neste 11 de dezembro de 2008 –, algumas vezes manifestado de modo bem mais pungente, casos deste terno filme e do igualmente nostálgico Porto da Minha Infância (2001). A história narrada remete à procura por suas origens de um ator francês de ascendência lusitana, Afonso (Jean-Yves Gauthier). Ele está participando de um filme rodado em Portugal e aproveita para, acompanhado de colegas, visitar a aldeia de onde seu pai emigrou e enfim conhecer alguns parentes seus. A jornada é pontuada por diálogos dos...

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Publicado por em jul 27, 2009 em Uncategorized |

Bolt: a Disney com a cara da Pixar (Bolt – Supercão, 2008)

por Misael Lima Em 1937, o primeiro longa-metragem de animação do mundo, Branca de Neve e os Sete Anões, mostrou uma nova dimensão de entretenimento possível. Com esmero de inúmeros artistas, o roteiro tinha a difícil tarefa de não apenas impressionar visualmente, como entreter o público infantil e adulto de forma convincente. Ali, firmou-se o estilo Disney de animação. Narrativas simples para toda a família, com lições de moral e excelente qualidade gráfica. Esse legado manteve-se forte durante quase meio século. Foi há pouco mais de uma década que algo parece ter saído do controle. O último grande lançamento da Disney, pré-Pixar, foi O Rei Leão. A vinda de Toy Story, primeiro longa-metragem totalmente computadorizado e com uma história madura, parece ter desestabilizado o chão firme mantido pelo império durante todo esse tempo. A partir daí, seus próximos filmes em 2D pareciam não apresentar a qualidade e o chamariz necessário acima da média. Com um contrato de pelo menos dez anos, a Pixar capitalizou forte, ajudando a empresa a...

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Publicado por em jul 27, 2009 em Uncategorized |

A feminilização das culpas da guerra (O Leitor, 2008).

por Marcelo Oliveira da Silva  O Leitor é aquele tipo de adaptação cinematográfica que reverencia a excelência do livro original. Der Vorleser, escrito em 1995 pelo jurista alemão Bernard Schlink, alcançou o topo da lista dos mais vendidos do jornal New York Times. O filme do diretor Stephen Daldry mantém uma característica rara dessa obra traduzida em 39 línguas e premiada na Itália, França e Japão: as das histórias que informam mais sobre o contexto histórico, no caso a reconstrução do caráter nacional alemão após o genocídio de milhões de judeus, exatamente quando seus protagonistas silenciam. Aqueles que falam, relevam mais sobre seus contemporâneos do que sobre si próprios. Muito já foi discutido sobre a culpabilidade alemã, mas o livro de Traudl Jung Eu Fui Secretária de Hitler (2002) parece ter aberto uma perspectiva completamente nova sobre o tema, onde o olhar feminino vem revelar raízes ocultas do momento mais sombrio do século 20. O relato de Traudl, também transformado em documentário, nos aproximou das personas daqueles vultos, de...

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Publicado por em jul 27, 2009 em Uncategorized |

Holly Vs. Bolly (Quem Quer Ser Um Milionário, 2008)

por Robledo Milani Desde 2004, quando o fantástico Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei foi escolhido como melhor filme do ano, tendo sido premiado em todas as 11 categorias a que concorria, nenhuma produção repetia tal performance como Quem Quer Ser um Milionário?, que no último dia 22 de fevereiro arrebatou oito das nove estatuetas a que fora indicado. E por que foi preciso que um longa pequeno, independente, relativamente barato e sem nenhum nome minimamente conhecido no elenco arrebatasse a atenção e a preferência de todos dessa maneira? Estaria Hollywood começando a demonstrar interesse na – verdadeira – maior indústria cinematográfica do planeta? E, quem sabe, aprender com eles como reconquistar a audiência do grande público, cada vez mais ligado em formas alternativas – internet, celulares, DVDs – de se assistir aos filmes? Afinal, tudo são negócios, não é mesmo? Ou estaria essa mudança de rumo ligada a conceitos muito mais profundos do que os meramente econômicos? Quem Quer Ser um Milionário teve um orçamento de...

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Publicado por em jul 27, 2009 em Uncategorized |

Uma análise dos planos físicos e imateriais da realidade (Donnie Darko, 2001)

por Misael Lima Em 2001, o diretor estreante Richard Kelly, juntou um elenco de grandes talentos, com talentos promissores, em uma produção independente que tinha como grande trunfo um roteiro difícil e intrigante. O filme contava com a força da produtora Drew Barrymore, atriz famosa desde os anos 80 e que aceitou investir na produção, desde que pudesse fazer uma ponta. Com uma cifra ínfima de 4 milhões de dólares, Donnie Darko foi lançado diretamente em DVD, onde tornou-se, quase de maneira instantânea, um fenômeno cult. A história trazia o então desconhecido Jake Gyllenhaal (O segredo de Brokeback Mountain) como o personagem título do filme. Perturbado, ele conversa com Frank, um coelho gigante, que após salvar a sua vida lhe diz que o mundo vai acabar em 28 dias, 6 horas, 42 minutos e 12 segundos. O filme é um emaranhado de tramas que passam desde a física aplicada, com viagens no tempo e dimensões paralelas, até sutilezas que o enchem de significados e análises mais profundas do comportamento...

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