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Publicado por em jun 12, 2016 em Artigos |

Ponto Zero, por Chico Izidro

 

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Responsável pelo clássico do curta-metragem brasileiro O Dia em Que Dorival Encarou a Guarda (1986), o diretor José Pedro Goulart apresenta agora seu primeiro longa-metragem, Ponto Zero. O filme conta a história do adolescente Ênio (Sandro Aliprandini), que na escola é vítima de bullying e em casa sofre com a carência da mãe (Patricia Selonk) e a ausência do pai (Eucir de Souza), um radialista que passa o tempo na rádio e depois indo para a noite.

A trama fala de amadurecimento, de crescimento. Na idade de Ênio começa a pintar o desejo sexual, e sem amigos e tímido, ele irá atrás de uma garota de programa, após roubar o carro do pai. É aí que faz sentido o tal ponto zero do título, pois a ação do garoto vai gerar uma série de problemas.

Eucir de Souza está muito bem no papel do pai de Ênio, mostrando como age alguém ausente e indiferente com a família. Sua cena, onde destaca a contrariedade de porque uma família deve estar o tempo todo junto é soberba. Patricia Selonk como a mãe também se destaca, uma mulher carente,  beirando a depressão. Mas a nota 10 vai para o garoto Sandro Aliprandini, sósia do cantor John Perry, do Journey, e que consegue desenvolver um personagem complexo, mostrando todo um vazio existencial.

Muitos dos momentos do filme não apresentam diálogos, ressaltando a desesperança de Ênio. José Pedro Goulart também apresenta belas e surpreendentes imagens de Porto Alegre, principalmente da zona norte, onde se situa a Avenida Farrapos, local em que se passa boa parte da trama.