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Publicado por em ago 27, 2018 em Notícias |

Encontro da Crítica no 46º Festival de Gramado

Por Siliane Vieira, do Jornal Pioneiro, que integrou o júri da crítica Accirs/Abraccine no 46º Festival de Cinema de Gramado.

A atuação da crítica cinematográfica está intrinsecamente ligada à tradicional presença desses profissionais nos festivais de cinema, terreno sempre fértil para a reflexão. Nada mais justo, então, que as comemorações de 10 anos da Associação dos Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (Accirs) fossem realizadas durante o 46º Festival de Cinema de Gramado, com uma mesa de debate justamente sobre a importância da crítica nas mostras de cinema, realizada durante a tarde do dia 24 de agosto. O presidente da Accirs, Daniel Feix, mediou a conversa.

Foto: Cleiton Thiele/Pressphoto

Foto: Cleiton Thiele/Pressphoto

Mas a presença da crítica no Festival de Gramado, na verdade, data de muito antes da criação da Accirs. Está ligada à própria origem do festival nos anos 1970, com destaque para nomes como o do crítico P.F. Gastal. Essa tradição foi abordada pelo membro da Accirs e curador do festival, Marcos Santuário, um dos participantes da mesa de debates.

– O P.F. Gastal foi convidado ainda lá no primeiro festival a dar pitacos na programação e depois ele assumiu a programação do Festival de Cinema de Gramado – contou Santuário, sobre a função que hoje é desenvolvida por ele ao lado de Eva Piwowarski e Rubens Ewald Filho.

Santuário fez questão de exaltar a importância de sua atuação como crítico de cinema no processo que culminou com o convite para assumir a curadoria do festival, em 2012.

– Esse meu envolvimento com o festival surgiu com o meu trabalho de jornalismo cultural e de crítica cinematográfica. Na verdade, eu sempre fui crítico do Festival de Gramado, assim como sou crítico de todos os festivais. Então, interessa a função do crítico e o lugar do crítico. (…) Foi extremamente prazeroso o processo de construir o Festival de Cinema de Gramado, no universo da programação, desde o lugar da crítica – acrescentou.

Com larga experiência em festivais nacionais e internacionais, o presidente da Associação Brasileira dos Críticos de Cinema (Abraccine), Paulo Henrique Silva, também reforçou a tradição da crítica nos festivais. Ele contou que todos os preparativos para a criação da associação ocorreram durante festivais. Oficialmente, a Abraccine nasceu durante o Festival de Paulínia, em 2011. A partir daí, o grupo passou a atuar ainda compondo júris da crítica, outro envolvimento importante com as mostras de cinema.

– O júri da crítica tem uma proposta de buscar um filme mais arriscado, um olhar novo, um olhar para o futuro – disse.

Atualmente, a Abraccine tem envolvimento fixo com júris da crítica de oito festivais brasileiros e tem preocupação também com a composição cada vez mais plural desses grupos.

– A gente se preocupa muito em ter uma diversidade regional, diversos olhares dentro do próprio país, a questão do gênero também é importante e até a questão do pensamento mesmo, do gosto de cada um – apontou Silva.

O debate também contou com dois participantes latinos, convidados a vir ao Festival para integrar júris: a jornalista uruguaia do El País Mariángel Solomita, dos longas estrangeiros, e o crítico peruano do site LaVidaUtil.com José Romero Carrillo, que fez parte do júri da crítica. Cada um comentou sobre a realidade da crítica em seu país.

– Mais do que resenhar, o crítico tem papel de difundir os filmes que não chegam ao acesso do público – defendeu Carrillo que também é curador do Festival Internacional Pachamama, na fronteira com o Brasil.

– A participação nos festivais ajuda a nos profissionalizarmos – acrescentou Mariángel.

O Encontro da Crítica é realizado anualmente pela Accirs em parceria com o Festival de Cinema de Gramado. Além de ser uma oportunidade de debate para temas comuns aos profissionais e de interesse do cinema, nesta edição também foi o evento de lançamento das atividades de 10 anos da associação.