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Publicado por em fev 5, 2016 em Artigos, Críticas |

As Aventuras do Avião Vermelho (2014), por Monica Kanitz

 

Os realizadores gaúchos Frederico Pinto e José Maia assinam a direção de As Aventuras do Avião Vermelho, longa de animação adaptado do livro homônimo de Erico Verissimo. A obra original é de 1936; o filme chegou aos cinemas no final de 2014. Apesar de todo este distanciamento, o roteiro da história (feito a seis mãos por Frederico Pinto, Camila Gonzatto e Emiliano Urbim) garante a originalidade da história protagonizada por Fernandinho, um garoto travesso de 8 anos que literalmente atormenta quem está à sua volta.

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Num universo que oferece recursos cada vez mais especiais e mirabolantes, As Aventuras do Avião Vermelho parece um desenho animado à moda antiga. Os personagens – todos criados no papel – têm traços simples e estão cercados de uma certa ingenuidade.

Mas o Fernandinho do filme já vive numa época de videogame, celular e sabe bem o que significa ser hiperativo. Na falta da mãe (que já morreu), o pai sempre ocupado tenta acalmar o guri de várias maneiras, até que descobre o valor de um bom livro de aventuras. O garoto se encanta com as viagens de um certo capitão Tormenta e resolve salvá-lo da prisão em Kamchatka, no outro lado do mundo. Ele faz este percurso a bordo de um avião vermelho, acompanhado pelos seus dois brinquedos preferidos: um ursinho corajoso e um boneco chamado Chocolate. Não faltam perigos e diversão, incluindo um pouso forçado na Lua.

É no time de dubladores que se percebe outro grande acerto do filme. Fernandinho ganha em veracidade – e muita fofura – com a voz de Pedro Yan, também uma criança. O avião vermelho garante sua liderança a partir da voz do veterano Milton Gonçalves, enquanto Wandi Doratiotto (do inesquecível grupo Premeditando o Breque) e Lázaro Ramos fornecem as características do Ursinho e de Chocolate. Outros nomes de destaque do elenco são Sérgio Lulkin, que faz o pai de Fernandinho, e Zezeh Barbosa, a empregada que cuida da casa e do intrépido Fernandinho.

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Os cineastas gaúchos viram seu avião decolar nos cinemas depois de praticamente uma década de planejamento e produção, um processo que envolveu cerca de 40 pessoas e um custo de R$ 3 milhões. Mas o resultado valeu a pena. É um filme direcionado a um público nem sempre contemplado nas salas de projeção, que é justamente o das crianças pequenas, aquelas que estão na fase da leitura e das descobertas. Mas também é um “filme-família”, já que trata da paternidade, das dificuldades de comunicação e da importância de se incentivar o uso da imaginação entre as crianças – e, por que não?, entre os adultos.