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Publicado por em set 7, 2019 em Artigos |

Curtas-metragens gaúchos: Prêmio Assembléia Legislativa

Curtas-metragens gaúchos: Prêmio Assembléia Legislativa

Por Rodrigo de Oliveira O MENINO DA TERRA DO SOL O tom idílico de O Menino da Terra do Sol tem muito a ver com a nostalgia que o curta de Michel Marchetti deseja dividir com o espectador. A história é baseada em fatos, na vida do escritor de Flores da Cunha Flávio Luis Ferrarini. Na trama, acompanhamos Nini ainda criança, descobrindo paixões, seja por uma coleguinha da escola, seja pela máquina de escrever. A produção é caprichada, com bela fotografia. A paisagem por si só já dá grandeza ao curta. As distensões de tempo, no entanto, incomodam, assim como a trilha pesada, gerando um clima dramático demais. E mesmo adoráveis, as crianças careciam de um roteiro menos decorado, mais orgânico. TESOURINHO Esse foi o ano das animações no Festival de Gramado. Todas tiveram qualidade ímpar – e aqui há de se destacar o trabalho da Universidade Federal de Pelotas, que trouxe dois excelentes títulos para a disputa – um deles, inclusive, vencedor da Mostra. Esse Tesourinho, de Bruna...

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Publicado por em set 7, 2019 em Artigos |

Vozes e corpos femininos costarriquenhos na competição de longas latino-americanos

Vozes e corpos femininos costarriquenhos na competição de longas latino-americanos

Por Carla Oliveira Neste 47º Festival de Cinema de Gramado, participaram da competitiva de melhores longas-metragens estrangeiros dois filmes dirigidos por mulheres com nacionalidade costarriquenha. Um deles é uma coprodução entre o México e a Costa Rica: Dos Fridas (2018), de Ishtar Yasin, cineasta nascida em Moscou, com plurinacionalidade. O outro é El despertar de las hormigas (2019), de Antonella Sudasassi Furnis, filme que concorreu na seção Forum da Berlinale. Ambos falam sobre corpos femininos.  El despertar de las hormigas conta a história de Isabel (Daniela Valenciano), mãe de duas meninas (Isabella Moscoso e Avril Alpizar, agraciadas com prêmio especial do júri), que trabalha como costureira para ajudar no orçamento doméstico. É pressionada pelo marido (Leynar Gómez) a ter outro filho. O marido não é um bruto, é até terno, algumas vezes. São das pequenas e repetidas agressões sofridas pelas mulheres e da dificuldade que têm para tomarem decisões concernentes ao próprio corpo que Antonella Sudasassi quer falar. O filme é bastante naturalista na forma como retrata a influência...

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Publicado por em set 7, 2019 em Artigos |

Pentalogia de Cordisburgo: terceiro capítulo

Pentalogia de Cordisburgo: terceiro capítulo

Por Carla Oliveira Distante de Cataguases, Contagem e Belo Horizonte, fica a pequena cidade mineira de Cordisburgo. É a terra de Guimarães Rosa e também de Marco Antônio Pereira, realizador de Teoria sobre um planeta estranho (2018), terceiro de uma série de cinco curtas-metragens de ficção a ser realizada na sua cidade natal, baseada em referências e pessoas comuns. Os primeiros capítulos da série – A retirada para um coração bruto (2017) e Alma bandida (2018) – estrearam nos Festivais de Tiradentes e de Berlim, respectivamente.  Os protagonistas de Teoria sobre um planeta estranho são uma jovem com deficiência auditiva (Larissa Bocchino) e um frentista do posto de gasolina de Cordisburgo (Gerson Marques) por quem ela se apaixona. A história de amor é narrada de forma absolutamente envolvente e original. Inventividade parece ser a tônica da prática artística de Cordisburgo. Se na obra-prima de Guimarães Rosa, Riobaldo faz (ou não) um pacto com o diabo, no peculiar curta de Marco Antônio Pereira, seu protagonista tem um encontro com Deus....

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Publicado por em set 2, 2019 em Artigos |

47º Gramado (2019) – Balanço: O cinema é delas

47º Gramado (2019) – Balanço: O cinema é delas

Por Luiz Joaquim Num exercício de síntese, olhar para trás e tentar estabelecer o que significou a 47a edição do Festival de Cinema de Gramado é também fazer um exercício de questionamento no qual a pergunta matriz seria: qual cinema o mundo quer ver hoje; ou, qual cinema interessa ao mundo hoje? Tal provocação pode encontrar uma resposta instigante se percebemos que o mais interessante cinema apresentado nesta edição do festival gaúcho, constando em quase todo os títulos de suas principais mostras, foi a presença e o protagonismo da mulher. Fosse no campo da direção ou no da interpretação (ou em ambos os casos simultaneamente, como na coprodução mexico-costarriquenha Dos Fridas, de Ishtar Yasin) ou fosse nos temas pontuados pelos filmes, era a perspectiva feminina, dentro de seu universo de relacionamento com o que lhes cerca, que gerava as melhores experiências dentro do Palácio dos Festivais neste 2019. A começar pelo longa-metragem que, inquestionavelmente, apresentou o melhor conjunto de resultados em todos os aspectos artísticos: Pacarrete, de Allan Deberton....

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Publicado por em set 2, 2019 em Artigos |

O feminino em muitas visões

O feminino em muitas visões

Por Neusa Barbosa De Pacarrete a Hebe Camargo, muitas versões do feminino atravessaram os filmes de Gramado em 2019 – no melhor e no pior sentido. De todo modo, pode-se notar uma evolução, na multiplicidade de perfis destas mulheres que percorreram os longas nacionais, estrangeiros e também curtas, dirigidos ou não por diretoras – o que mostra que também os homens estão se abrindo para a necessidade de ultrapassar os clichês limitantes do passado. Foi sintomático que a galeria feminina fosse iniciada pela intrépida Domingas, a médica vivida por Sonia Braga em Bacurau – que tem um duelo, por assim dizer, olho no olho com o vilão-mor (Udo Kier), ela empunhando apenas a própria valentia diante de um malfeitor pesadamente armado, sem vacilar, sem tremer, numa estratégia certeira para confundir e inquietar. Ganhou ainda mais sentido esta característica da personagem depois que Sonia Braga, no debate do filme em Gramado, assumiu sem hesitação o parentesco espiritual dela com a intrépida vereadora Marielle Franco, cujo assassinato não solucionado continua a...

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