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Publicado por em mar 23, 2014 em Artigos |

À Beira do Caminho

243608Por: Chico Izidro.

João é um homem atormentado. Caminhoneiro, percorre as estradas do Nordeste do Brasil ouvindo apenas um cd do Roberto Carlos, que lhe traz lembranças doces e amargas. Até que após a parada num posto acaba descobrindo um clandestino em seu caminhão, o garoto Duda (Vinicius Nascimento), que recém perdeu a mãe e está a procura do pai, que mora em São Paulo.

Este é o ponto de partida do road-movie “À Beira do Caminho”, direção de Breno Silveira. Pontuado por canções do Rei, os dois cruzarão o país numa convivência nunca pacífica, por vezes beirando o belicismo. Duda é falante e esperto e começa a penetrar no íntimo de João – e aos poucos ficamos sabendo de o porque ele ter se tornado uma pessoa fechada e amargurada. “À Beira do Caminho” é atemporal, mas parece ter sido ambientado entre os anos 1970 e 1990 – devido as roupas e cabelos dos personagens, os automóveis que surgem em cena. E vemos aquele Brasil que parece ter parado no tempo, com suas cidadezinhas pequenas, as pessoas humildes e, por vezes, sofridas.

João Miguel, de “Estômago”, é que vive o seu homônimo, demonstrando mais uma vez ser ótimo ator. O garoto Vinicius Nascimento é uma ótima revelação. Sabe ser meigo na hora de ser meigo, chato na medida certa, e sofrido quando deve mostrar sofrimento…Dira Paes, de “E Aí… Comeu?”, faz uma rápida e sedutora aparição como um antigo amor de João.

“À Beira do Caminho” em determinado momento escorrega no sentimental, mas rapidamente foge dele, transformando-se num excelente filme onde se discute culpa e solidariedade.

Cotação: ótimo